A Universidade contra a cultura
Como se explica que, numa turma de um curso de comunicação de uma universidade, nenhum dos trinta estudantes que a compõem saiba quem foi Bertold Brecht?
Como se entenderá que estes estudantes tenham atravessado os vários níveis de ensino - do pré-primário ao universitário – sem terem aprendido quem foi este autor e o que ele significa?! Brecht é um ponto de uma constelação que inclui um determinado teatro, uma determinada literatura, uma determinada teoria da comunicação (da rádio, em particular); faz parte de uma família de escritores que funda uma literatura deste século, que representa uma época histórica, um período fundamental da investigação científica na física, na astronomia, na medicina, uma perspectiva política, uma ideologia, etc. Estes estudantes passaram cerca de quinze anos em estabelecimentos de ensino e ficaram à margem de uma parte crucial da cultura artística deste século. Como foi possível?
Incompreensível, a não ser pelo anacronismo do ensino universitário que formou os professores e técnicos que se ocuparam destes estudantes durante quinze anos, e que só se justifica porque as universidades (mas também os politécnicos) estão contra a cultura, seja a cultura humanística e artística clássica (Ah! Moliére, esse grande pintor do séc. XIX – afirmaria outro), seja contra a cultura moderna e contemporânea. (pg. 19 e 20)
RIBEIRO, António Pinto (2000), Ser Feliz é Imoral?, Ensaios sobre Cultura, Cidades e Distribuição, Lisboa, Livros. Cotovia.
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