Adília Lopes, in A Bela Acordada
agora vou-te cortar a língua para aprenderes a cantar, adília lopes
sábado, 24 de outubro de 2009
O macaco nas termas | Adília Lopes
Adília Lopes, in A Bela Acordada
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Poemas Novos | Adília Lopes
cada dia faço
muito pouco
Mas
o pouco
que faço
não é louco
E
quando é louco
(às vezes é) que seja pouco
Que seja muito pouco
Adília Lopes
domingo, 4 de outubro de 2009
Adília Lopes
sábado, 3 de outubro de 2009
Os cordéis | Adília Lopes
Os cordéis
Passava os dias a dar nós em cordéis
para desfazer os nós a seguir
não tinha ninguém para a aplaudir
nem esperava Ulisses
mas continuava
aquilo não era um passatempo
os cordéis sem nós
serviam para desfazer os nós
enquanto os embrulhos trouxeram cordéis
as sobrinhas não estranharam
mas quando os cordéis se tornaram raros
lembraram-se de que ela na juventude
fora capaz de seguir cinco conversas diferentes
ao mesmo tempo
como Napoleão era capaz de ditar
dez cartas diferentes
ao mesmo tempo
só que a guerra e os bailes no consulado
tinham acabado
antes que ela se tornasse
uma grande espia
as sobrinhas convidavam forasteiros
e faziam cinco conversas diferentes
ao mesmo tempo
para a distraírem dos cordéis
mas os cordéis absorviam-na
nenhuma conversa lhe importava
as sobrinhas deitaram os cordéis fora
irritadas com aquela obstinação
ela passou a arrancar cabelos
e desfazer os nós dos cabelos
exige mais perícia do que desfazer
os nós dos cordéis
se fosse uma questão de vida ou de morte
seria como despoletar granadas
assim ela só podia perguntar
o que é mais fino do que um cabelo
para eu lhe poder dar nós?
Adília Lopes in Dobra